História Visual do Livro da Tribo

Duas décadas de imagens contando a aventura da Tribo. Clique nas figuras e (com sorte) você as verá maiores.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Oitava Edição - 1997

O Livro da Tribo 1997: adesivos e o Potente Órgão

Em 1997, pela primeira vez, o LT veio com uma cartela de adesivos e com uma bolsa plástica no começo. Dentro da bolsa, o leitor recebia um exemplar d'O Potente Órgão, um jornalzinho sobre autogestão editado pelo Grupo Experimental (saiba mais clicando aqui).

Hesse: nascer é destruir um mundo

As páginas internas, como as do verão abaixo, voltam a ser de uma única cor a cada estação.


Yves Saint Laurent também é cultura

Com uma grande estrutura de pessoal - a Tribo, que hoje tem 5 sócios, tinha 20 à época - começávamos a diversificar os produtos. Os adesivos do encarte também eram encontrados para venda avulsa, assim como cartões.

No outono, sempre tons pastéis

Cada página do miolo continha dois dias, à exceção dos sábados e domingos, que eram incluídos numa mesma página com a sexta feira. A inclusão de sábados e domingos na mesma folha também ocorreria no LT compacto, em 2009 e neste ano (2010).


Em Brasília: nada funciona e ninguém sabe o porquê

Alguns jovens ilustradores - Douglas, Caribé, Lenha - começavam a aparecer nas páginas, dando um toque mais brasileiro para alguns textos. Além de amigos, eles inauguravam uma tendência na Tribo: buscar ilustrações inusitadas que fossem além de reproduzir os textos.

Leminski ilustrado por Douglas: longas parcerias

Na última página, também uma novidade que vinha para ficar: o texto de fechamento, que nunca mais deixamos de colocar neste espaço do livro.

Mário Pirata: no ano passado fizemos o impossível

1997 pode ser lembrado como um ano de gigantismo e, porque não dizer, de um certo inchaço. A Tribo ocupava 3 imóveis, um exclusivamente para encontros, projetos e festas - muitas festas. Nunca vendemos tantos livros em um só ano, mais de 160 mil. Nunca fomos tantos, e nunca gastamos tanto tempo e energia administrando nossas crises internas.


Trilhávamos o caminho do excesso que leva à sabedoria - ou, no mínimo, à diversão.

domingo, 18 de julho de 2010

Sétima Edição - 1996

A edição de 1996: feita só por Regina

Na única edição assinada somente por Regina Garbellini, mais experiências foram feitas com o uso da cor. O fundo de página, que até então tinha uma cor a cada estação, passou a mudar em degradê, sutilmente, a cada página.

Cores frias e quentes na entrada

Outra mudança significativa no miolo foi o desenvolvimento pela GFK, uma empresa dos amigos Fátima e Ed, de uma tipologia com a letra de Regina. Isso mesmo, nós digitávamos e a letra na tela era a dela!

A tipologia Regina sobre a página laranja: agora no teclado

O efeito da mudança de cor a cada dia foi bem marcante. O livro passava a ter páginas de praticamente todas as cores.

Outono: fundo cinza, mas também verde, marrom...

Ainda fazíamos as capas em serigrafia, uma a uma. E o uso da cor nas páginas internas se sofisticava, já não eram apenas duas ou 3 cores chapadas.

Nas ilustrações das páginas, cor à vontade

Mesmo com a mudança cromática a cada página, as cores mais frias foram parar nos meses do outono e inverno.

Inverno, sempre frio

Inserimos ao final, pela segunda vez, o Diário da Tribo. Desta vez o tema era Saúde: discutíamos o modelo cartesiano versus o sistêmico, a homeopatia, a relação da AIDS com o HIV, alimentação (Sônia Hirsch) e movimento (Klaus Vianna).

A saúde que temos e a saúde que queremos...


A edição de 1996 trouxe uma consolidação e ampliação das mudanças que já haviam ocorrido em 1995, tais como o uso da cor no miolo e o acréscimo de mais material em texto na forma do Diário da Tribo.

Ia se definindo um perfil que o livro abraçou por vários anos que se seguiram.

Sexta Edição - 1995

Uma das capas da edição de 1995: parecida por fora, diferente por dentro

A sexta edição do Livro da Tribo - publicada com o título Gaia Tribo - que levou a Editora Gaia a nos intimar a mudar o título - tinha capas bem parecidas com as anteriores, feitas uma a uma em serigrafia. Mas seu conteúdo...

Nos familiarizamos com o uso do couché e das quatro cores. Os tons isolados da edição anterior são substituídos por superposições e gradientes, as cores ganham intensidade.

Páginas de entrada: couché e muito mais cor

Era um momento histórico, especial. O momento em que surgiu não só a empresa Editora da Tribo, mas também em que incluímos todos - sim, todos - os funcionários como sócios, inaugurando nosso processo de autogestão. Este salto no desconhecido apareceu também em um visual mais ousado.


Quadrinhos, geométricas, tipologia, cor: tudo ao mesmo tempo agora

As páginas do miolo seguiam mudando de cor a cada estação - abaixo, uma página do verão e a entrada do mês de março. Eram sempre combinações de 3 cores a cada estação. Não utilizamos nas páginas dos dias a quadricromia e sim 3 cores especiais: era a única forma de conseguir tonalidades como o pêssego, o roxo, o mostarda e o azul das páginas que se seguem.

O fundo pêssego do verão: sempre cores quentes

O outono foi mostarda, mas um mostarda que era mesmo mostarda - nosso melhor mostarda até hoje. As ilustrações internas ganharam cor, mas ainda de uma forma cautelosa.
 
Drummond e Huxley: partidos e deuses
 
Na página abaixo publicamos uma charge com o logotipo da Nestlé. O pessoal da multinacional não achou graça e ameaçou recolher a edição. Tivemos que colocar, em cada livro, um adesivo sobre a charge. Ainda bem que eram só 120 mil exemplares!
 
Nestlé: dancing…
 
No verso de cada entrada de mês havia um organizador, com anotações sobre salários, dívidas, despesas e pendências. Azul era a cor do inverno, numa tonalidade que a quadricromia não atingiria jamais..
 
 
Organizador e Antonio Machado: não nos assombramos com nada
 
Uma primavera verde, com texto cor de terra. Como tudo nesta edição, bem intensas em matizes.
 
Primavera: verde
 
Nesta altura do campeonato, incluímos no final do livro um Diário da Tribo, com a nossa história até então e principalmente os novos desafios que se apresentavam.
 
 
Quem somos: 15 dos 20 sócios estão nas fotos (incluindo os sócios atuais)
 
A matéria detalhava a maneira como distribuíamos o que ganhávamos, como nos avaliávamos e um pouco do quotidiano do grupo.
 
 
Muita gente, mas gente muito especial.
 
As Ilhas (abaixo) eram editoras associadas, responsáveis pela distribuição do LT em outras capitais. Todos eram muito amigos nossos, e nos reuníamos uma ou duas vezes por ano para planejarmos tudo. Vinha gente de Porto, Brasília, Salvador e Rio - e havia um núcleo em Montevidéu.
 
 
O pessoal das Ilhas: unidos pelo que nos separa


Alguns membros das Ilhas são sócios da Tribo hoje
 
A edição de 95 marcou por estas duas vertentes: a cor usada com mais peso, intenção e intensidade mais a introdução de um tema importante para nós desde o início: a autogestão dentro da própria Tribo. Uma aventura que apenas começava.

sábado, 19 de junho de 2010

Quinta Edição – 1994


Novidades de 94: couché e quatro cores na entrada.

     A edição de 1994 estava a meio caminho entre a criação original e o Livro da Tribo como o conhecemos hoje. Já possuía o formato 14X21 cms, de livro, que teria a partir daí até 2009 e de novo neste ano de 2010. Também já apresentava cor nas primeiras páginas, que eram destacadas das demais por serem em couché.


No traço da ilustração, como sempre, ecletismo.

     Também tinha em comum com o Livro da Tribo atual a inserção de um índice telefônico e de uma poesia na última página. Mantinha, porém, a estrutura de mostrar uma semana a cada duas páginas, oriunda da primeira edição do Livro da Tribo.


Uma semana inteira em duas páginas: melhor ter letra pequena.

     As páginas internas também continuavam a ter apenas uma cor de tinta, excetuando-se as entradas de estação, que tinham mais cor. O verão, mostrado acima, era magenta sobre pêssego.

Outono: cinza sobre areia.

     Começávamos a receber as primeiras contribuições de pessoas que, conhecido o LT, resolviam nos enviar textos, normalmente de autores consagrados. A Editora da Tribo ainda não existia com este nome, e o livro ainda era assinado pela Archipélago Editora.


Leminski e Deus: ele cuida de seus assuntos, eu dos meus.

     O inverno era azul sobre verde, uma combinação que já tinha emplacado para esta estação em anos anteriores (acima).


Primavera: muito verde (e Millôr).

     Relendo esta edição hoje, podemos dizer que foi das que mais se dedicou à questão da religião e de Deus. De forma bem humorada ou crítica, o LT se posicionava contra o fundamentalismo e a favor de uma espiritualidade tolerante e inclusiva.

Religião: olhar o próximo.

     De uma certa maneira, esta edição encerra um ciclo na história da Editora. No ano seguinte mudanças radicais aconteceriam em nossa estrutura, com a entrada de muitos novos sócios e o início de uma prática mais generalizada de autogestão. A Tribo despedia-se, ainda sem ser Tribo, de sua primeira fase.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Quarta Edição - 1993




Capas da quarta edição: muita cor

     Esta quarta edição foi, sob muitos aspectos, a edição da maturidade. Ainda sem nome, o Livro da Tribo ganhou o formato que teria nos próximos 15 anos, passou dos 10 mil exemplares e já mobilizava muita gente. Aparecia, desde 1992, o nome da “empresa” que assinava a obra: Archipelago, ou, como dizíamos, um conjunto de ilhas unidas pelo que as separa.

Mais poesia, inclusive na entrada

     As páginas iniciais eram em duas cores, cinza e vermelho, como pode ser visto acima. Ainda não eram em papel couché, que só aparecia nas quatro aberturas de estação. Os textos, que já tinham mudado um pouco entre 1991 e 1992 , agora eram totalmente novos.


De Montevideo a Recife: já não somos só “noz”

     Nestes 3 anos desde a primeira edição, toda uma ecologia havia se desenvolvido em torno da publicação. No texto acima relacionamos amigos – alguns até hoje na Tribo – em Montevideo, Porto, Curitiba, Sampa, Rio, Campo Grande, Brasília, Salvador e Recife. Não fizemos a soma na época, mas fazemos agora: são 70 nomes listados nestas duas páginas. Este histórico é feito, também, para saudá-los. Moram todos, cada um à sua maneira, em nosso coração.

Humor, muito humor...

     Também a seleção de textos ganhou consistência. Começávamos a receber muito material enviado por leitores, e as marcas que distinguem a Tribo – humor, poesia, crítica social – se consolidavam. O verão (acima) era em fundo pêssego com tinta magenta.

...e mais humor ainda

     As trocas de cor a cada estação eram bem pronunciadas. Acima, uma página do outono e, abaixo, do inverno.

Poesia: Drummond e Brecht

     Também as fontes de ilustração foram se ampliando. Utilizávamos sobretudo desenhos de domínio público que combinassem bem com os textos.

Anais Nïn: anormal é não amar

     O traço do desenho podia ser geométrico, comics, realista, étnico ou art nouveau. A diversidade importava. E os autores tinham todos muito a ver com o que acreditávamos ou sentíamos.


Wilde: mais respeito!

     As cores da primavera, mostradas acima, eram bem luminosas.
     Relendo estas páginas percebemos o quanto os textos foram evoluindo ao longo dos anos, mas ao mesmo tempo como já eram geniais. Confira abaixo:


Leminski e Ulisses: demais


     O uso máximo de cor era nas entradas de estação, onde apareciam 3 cores (abaixo).


Cor. E irreverência.

     Já havia um espaço para telefones nas edições anteriores, mas nesta quarta edição ele foi ampliado (abaixo).

O telefone útil da polícia: só para quem precisa

     Esta edição foi elaborada durante 1992, ano da Rio Eco-92 (sim, estávamos lá!). Foi também o ano em que acoteceu o encontro anarquista Outros 500, na PUC/SP, que recebeu pensadores de vários países. Isto tudo, um dia, há de virar uma outra história visual, a de toda esta agitação que permeava o projeto da Tribo.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Segunda e Terceira Edições - 1991/1992

Capas da 2ª Edição: arte da catalã Ana Maria de Beaulieu

     Animados pelo sucesso da primeira edição, republicamos o mesmo conteúdo e imagens no ano seguinte (91) e no outro (92). Refizemos algumas artes, e os fotolitos eram o cúmulo do low-tech. Comprávamos acetato (aquele das transparências, no xerox) em rolos, cortávamos no estilete, fotocopiávamos as imagens nestes acetatos e as banhávamos com nankim – que precisava ser limpo rapidinho, antes que secasse, com chumaços de algodão. Isto página por página, centenas delas. O resultado era algo próximo a um fotolito, só que investindo 10 vezes mais tempo e 10 vezes menos recur$o$....

     A primeira alteração importante foi na tipologia. Embora ainda fosse escrito à mão, a letra desta edição era de Regina, bem mais legível.

A segunda edição, à esquerda: mais legibilidade

     O papel utilizado na primeira edição, com suas cores fortes, foi substituído pelo papel vergé, com cores mais suaves. O vergé tem uma sutil textura canelada e é um papel muito agradável ao toque. Texto e ilustrações continuavam a ser impressos em uma só cor, e tanto a cor do papel quanto da impressão mudavam a cada estação do ano.

Acreditas?

     Os textos destas primeiras edições já tinham uma presença expressiva da poesia. Neruda e Leminski estavam lado a lado com Itamar e Caetano.

Leminski: com i ou y?

     Em 1991, ano da publicação da segunda edição do Livro da Tribo, a AIDS aparecia com força assombrando o contato entre as pessoas. Recorremos ao Gaiarsa:

José Ângelo: sexo é bom

     Também ficava claro desde estas primeiras edições uma postura anti-homofóbica e que reafirmava a liberdade de opção sexual.

Amor: vale a pena

     Embora o conteúdo de textos e imagens destas 3 edições iniciais fosse idêntico, as cores de papel e impressão foram alteradas a cada edição. Além das capas de 1991 que traziam trabalhos da artista Ana Maria de Beaulieu, seguiam sendo feitas capas pintadas uma a uma em serigrafia.

Capas em serigrafia: artesanato